Neste mundo actual de permanente e acelerada mudança, não deixa de ser paradigmático que uma instituição de ensino perdure há mais de cinquenta anos e que pelos seus bancos tenham passado cerca de 8.000 alunos, como é o caso do Colégio S. João de Brito. E mais interessante será notar que tudo isto acontece, não à custa de abdicações ou cedências, mas na permanente afirmação de valores fundamentais.

Sem equívocos e à luz do dia, o Colégio S. João de Brito sempre se afirmou como instituição católica. Firmemente ancorada no ideário da Companhia de Jesus e do seu fundador, Santo Inácio de Loyola, tem dado testemunho de Cristo, não desistindo de “educar para servir”, pois este é o seu lema. Educar para a responsabilidade, para a acção e para a liberdade, em síntese, para o culto dos valores humanistas e cristãos, num quadro de espiritualidade e de ética, foi e continua a ser o grande desafio e a grande aposta deste Colégio.

Em tão longo percurso — mais de meio século de existência — muitos foram os que participaram neste ambicioso projecto educativo, dando a quantos que por aqui passaram o melhor de si mesmo.

Mas ninguém, seguramente, levará a mal que os antigos alunos associem, aos seus tempos de Colégio e ao muito que desta instituição receberam, a figura ímpar do Padre Belchior. Ele personifica e simboliza, no nosso imaginário, toda a comunidade educativa do Colégio. Do mais discreto empregado de limpeza ao mais brilhante professor de filosofia. E cada um deles não rejeitará, certamente, esta forma de representação, pois sabe que, na pessoa do Padre Belchior, quiseram os Antigos Alunos afinal homenagear todos quantos ao Colégio e aos seus alunos dedicaram uma vida de trabalho.

Explicada que está designação atribuída ao Prémio, vejamos então o que este, na sua modéstia, pretende distinguir e realçar. Se é verdade que as árvores se conhecem pelos seus frutos, não será destituído de sentido afirmar que as instituições de ensino valem pelos homens e mulheres que souberam formar e educar. Premiar alguém é sempre um acto de injustiça. Para quem não recebe o Prémio, mas para todos aqueles que igualmente o mereciam!
Atenua-se, no entanto, a injustiça quando através da escolha se pretende realçar, não tanto a personalidade do nomeado, mas fundamentalmente os valores porque pautou a sua vida e aquilo que dela fez, em dádiva constante aos outros.

Aqui são os actos que contam e não o seu autor. E são os valores que tais comportamentos reflectem que constituem o objecto da distinção. Se fomos “educados para servir” é bom que saibamos reconhecer aqueles que, de entre nós, mais se têm aproximado de ideal de vida.

Que eles constituam para todos, antigos e actuais alunos, um modelo e um exemplo.

Este é o único objectivo do Prémio José Carlos Belchior. É que, na verdade, o exemplo não é a melhor maneira de educar. É a única!

João Pereira Reis @ Loyola #1