Que Papa fantástico! Que jovens fantásticos! Que orgulho. Que emoção. Não podia haver melhor líder para estes voluntariosos jovens. Qual velhinho qual quê, Francisco estava para as curvas. Feliz e contente. Radiante, apesar do semblante pensativo e sério, por vezes. Pudera, com o mundo às avessas em tanto lugar. Tanto esforço que ele põe na sua vontade férrea de paz e consenso entre os povos. Não tem respostas, mas insiste e faz, como ele diz, “la preguiera” para que Jesus abra os corações dos homens e lhes infiltre a força do amor do Pai.
Tanto entusiasmo e alegria, que não tem explicação, só pode ser por uma força especial que todos une. Como é possível juntar mais de um milhão de pessoas sem ser através de uma luz que a todos ilumina? O amor desprendido e gratuito, é a chave desta aventura. O desapego. A sinceridade. A verdade. A fraternidade. Que loucura, jovens de todo o mundo a pedirem apenas a paz e o amor verdadeiros!
Que impulso e que força lhes vem de dentro, que os leva a proclamar alto e em bom som que Jesus é para ser seguido, custe o que custar. Jesus está vivo e esteve nas Jornadas com eles. Sentou-se no topo da Ponte Vasco da Gama e daí enviava o seu sorriso. E Jesus viu tudo e adorou, ficou de alma cheia. Para Ele foram outras “bodas de Caná”, mas desta vez transformou os corações apagados e cinzentos, em corações de luz e amor! Jesus rodeou-se de todos, todos… Foi uma festa, como se diz, de arromba.
O Papa Francisco, convidado também para essas bodas, com a sua juventude sábia, a sua frescura de pensamento, a sua leveza de ideias, o seu amor a Jesus e ao seu rebanho, elevou este acontecimento ao topo do monte mais alto do mundo, para ficar mais perto de Deus. Mas, Francisco, apenas e só proclama o Evangelho, tão simples como isto. Tão simples e tão fácil de entender. “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”, não custa nada dizer, mas é tão difícil de pôr em prática. Todo o discurso do Santo Padre é claro como água. É evangelizador. É social. É abrangente. É leve, mas difícil. Amem, sem rodeios. Amem todos, venham todos. Jesus falava assim, simples, para todos e por parábolas que a todos atingia. E ainda dizem que o Papa é revolucionário!!! É um terrorista, mas do amor. Proclamar o Evangelho e segui-lo, é olhar os pobres, olhar os mais desfavorecidos, marginalizados e desprotegidos e enquadrar nesta sociedade do consumo e do ”salve-se quem puder” os frágeis e que têm menos oportunidades. Por exemplo, os migrantes, que fogem dos seus países, por falta de condições mínimas de dignidade. Tantos e tantos que sofrem sem culpa, apenas pelo egoísmo de outros tantos.
E dizia o Santo Padre, tantas vezes:
– Não tenhais medo, não tenhais medo. Lançai as redes, entrem pelo mar adentro e procurem com fé o que vos inquieta, que encontrais.
Tanta coisa que o Papa nos disse, com o seu ar, próximo, de conselheiro amigo. Tanto nos deixou, não só a sua presença que a todos sensibiliza, que é nosso dever ler todos os discursos e saboreá-los agora com a mente fria e livre do entusiasmo e alegria que nos cegaram.
Eu tive pena de não estar presente, fui dos que se assustou com a quantidade de gente que ia estar em Lisboa. Penitencio-me por isso. Por outro lado, não me apercebi, nem realizei a força que as Jornadas têm. Achei que já não era para os da minha idade. Também é verdade que acompanhei, em Lisboa e Fátima, o Papa João Paulo II e o Papa Bento XVI e nunca esquecerei esses momentos maravilhosos. Contudo, vivi as Jornadas no meu íntimo com o entusiasmo possível. Vibrei e senti um orgulho enorme naquela juventude. E que dor de cotovelo devem ter sentido os negacionistas e os anti-clericalistas? E aqueles para quem os jovens não têm objectivos de vida e são uma geração rasca, ficaram, de certeza, rendidos à sua força, coragem e vontade de se afirmarem cristãos de mão cheia. Um peregrino, em Fátima, dizia que já não tinha mais vergonha de dizer que queria ser santo!
Comovente a força que os jovens mostraram, acompanhados de uma figura ímpar no panorama mundial, para mim o único líder que pode falar do alto da sua cadeira de mestre (de rodas, neste caso) com propriedade, legitimidade e competência totais. Mais ninguém. Uma figura única, diferente, generosa, humilde, SEMPRE disponível, que alastra boa vontade, boa energia, que atrai, que irradia simpatia como ninguém, que nos mostra que a vida pode ser mais fácil se vivida com Jesus. E se ainda por cima estivermos predispostos a sorrir sempre, melhor. Como o Santo Padre, repete e repete: La sonrisa – o sorriso – siempre!
Uma mensagem tão simples e leve, o amor entre todos, passa com muita dificuldade. Vejam-se as guerras infindáveis e os conflitos por todo o lado. E porquê? O Papa tem solução, mas não o ouvem. O egoísmo fala muito mais alto, tem muito mais força. O diabo espreita e aproveita as oportunidades. Santa Teresa de Calcutá dizia que o egoísmo é o mal primeiro da humanidade.
E não esqueçamos que a igreja é para todos, todos, todos… custa, por vezes, na nossa mesquinha mentalidade incluir todos, mas … lá está, o Papa a incomodar-nos!
O pior nestes acontecimentos é o “pós-venda”, neste caso o “pós-Jornada”! Como em tudo na vida, passada a euforia esta volta ao seu nível normal e podemos facilmente esquecer a forte mensagem que foi passada e os momentos inesquecíveis que se passaram! Peçamos ao Espírito Santo perseverança e fortaleza e que não nos abandone à primeira tentação (nem à segunda, nem à terceira, …) e nos lembre sempre do amor a ter ao próximo e que Jesus não nos abandona. Nunca.
Ficou provado em Lisboa que a juventude tem consciência e sabe o que Jesus disse “ Eu sou, o caminho, a verdade e a vida”, e que sem Ele a vida não tem sentido, nem sabor.
Louvo a organização e o empenho da Igreja e das autoridades. Bem hajam. Bem hajam os milhares de voluntários, de todas as idades.
José Manuel Ferraz Bela Morais