No início deste ano, a Associação apresentou à Youth Wing uma proposta um tanto irrecusável. Uma viagem a Barcelona, em representação da nossa Associação a fim de conhecermos mais pessoas dos colégios e universidades jesuítas do mundo inteiro, partilharmos a realidade da nossa associação, e percebermos como funcionam as associações no resto do mundo. Naturalmente, a nossa resposta foi “Sim”. Começámos a tratar das logísticas todas, voos, malas, inscrições, tudo! Dia 12 de Julho seria o dia da partida de Portugal.

Sempre que nos atiramos de cabeça para algo, criamos expectativas, no fim, deparamo-nos com a realidade. Perante isto, decidimos que este texto trataria disto mesmo, uma comparação entre estas duas dimensões, a fim de percebermos em conjuntos com os antigos alunos que leem este texto, se a nossa participação na União Mundial dos Antigos Alunos dos Jesuítas (WUJA) superou as expectativas ou não.

A WUJA permitiu-nos viver três dimensões que consideramos serem os três grandes objetivos desta conferência: a dimensão social (networking), profissional (palestras e workshops) e recreativa (atividades).

Relativamente à dimensão social, esperávamos depararmo-nos com uma comunidade mais envelhecida, pois a ideia que geralmente se tem das associações de antigos alunos é que é uma comunidade mais frequentada por pessoas com idade para serem os nossos pais ou avós (tendo em conta que nós temos vintes e alguns anos de idade). Além disto, não esperávamos encontrar grande variedade de nacionalidades, esperávamos encontrar uma comunidade maioritariamente europeia e alguns gatos pingados de outros continentes.

A nossa motivação era conhecer o maior número de pessoas, fossem de que idade ou país fossem. Quando chegámos percebemos que estávamos ao mesmo tempo certos e errados. Errados porque o número de Youth Alumni era muito elevado, cerca de 70 antigos alunos da ala jovem de todo o mundo. Sentimos um espírito enorme de entrega, vontade de fazer acontecer, e algo que nos marcou muito foi a bagagem que cada pessoa trazia consigo, as histórias, contextos, conversas, e a variedade de nacionalidades com que nos deparámos, desde indonésios a americanos, indianos, congoleses, e muitas outras nacionalidades. Tudo isto superou avassaladoramente as nossas expectativas.

Certos, pois a comunidade mais velha estava muito representada, no entanto, espetacularmente bem representada, muito abertos ao diálogo e partilha de experiências, o que ajudou na superação de expectativas a este nível.

A expectativa relativamente às palestras era baixa, achávamos que iriam ser interessantes, mas que não nos diriam nada de novo. Estávamos, no entanto, curiosos para perceber como iria funcionar a tradução em tempo real. No que toca aos workshops a ideia com que fomos era que iriamos ser divididos em grupos pequenos (4/5 pessoas) e que iríamos desenvolver um tópico e apresentar soluções.

A realidade vivida na dimensão profissional foi melhor que o expectável, ou seja, os temas das palestras foram muito bem escolhidos e os oradores cativantes. Reparámos, porém, que muitos membros da comunidade Youth apesar de acharem os temas relevantes, não os consideraram totalmente interessantes para as nossas idades. Um exemplo disto prende-se com o facto de serem poucos os youth que já tiveram contacto com o mundo profissional, ou que já desenvolveram projetos de maior envergadura, com isto, certas palestras apesar de terem permitido o esclarecimento de certas dúvidas dentro deste tema, não foram totalmente elucidativas, visto haver pouco contacto com esta mesma realidade.

Relativamente à tradução em tempo real, de forma muito simplificada: os oradores durante a sua palestra falavam a língua que mais lhes conviesse, os ouvintes, optavam por ouvir a língua original ou requisitar uns headphones que traduziam o que estava a ser dito em tempo real para os headphones. Este avanço enorme na tecnologia espantou-nos e é um ponto extremamente forte deste congresso, visto haver alguns participantes que teriam alguma dificuldade em acompanhar não só conversas, mas também as palestras.

Ademais, e deixando já o conselho para os nossos amigos da Indonésia, os temas dos youth nem sempre são os mesmos dos mais velhos, temas sobre entrar no mercado de trabalho pela primeira vez, como tomar ação em certas situações de pobreza, o que podem os jovens fazer. Estes são alguns temas que acabámos por discutir entre nós, mas que pensamos serem relevantes em contexto de palestra.

Após se atentar as palestras cada participante dirigia-se ao local do workshop acerca do tema que escolheu (tema esse que correspondia a uma das palestras ouvidas na manhã desse mesmo dia), indicavam-nos uma sala, onde se encontravam aproximadamente outros 20 alumni/ae que optaram pelo mesmo tema. O workshop era dirigido por um(a) voluntário(a) do congresso que apontava presenças e por um(a) porta-voz que apresentava os tópicos a discutir e anotava as conclusões tiradas. Como dito anteriormente o workshop consistia na resolução de questões/problemas contemporâneos relacionados com os temas das palestras (Ex: Ecologia, Migração Tecnologia, Papel da mulher, …), onde as 20 pessoas presentes na sala davam opiniões pessoais e resoluções aos problemas postos pelo porta-voz. Criou-se assim um ambiente favorável ao brainstorming, à resolução de problemas mundiais, ao networking e à confraternização.

Por fim, falamos agora da dimensão recreativa. Muito honestamente, esta dimensão era aquela pela qual mais ansiávamos. Íamos à praia, fazer desportos, visitar Barcelona, ver a Sagrada Família, jantar todos juntos, …

A verdade é que, os momentos de convívio foram aqueles que permitiram a criação de laços com toda a gente e a nossa estratégia era conhecer muita gente e fazer não só bons contactos, mas também bons amigos, as atividades ajudaram nisso mesmo, proporcionaram boas conversas, muitos risos, competição (saudável, claro) e ajudaram-nos a perceber o que precisa de ser feito, falta-nos só descobrir o “como”. Num dos dias, fizemos torneio de desportos, jogámos basquetebol, voleibol e futebol, assim que as bolas iniciavam o seu percurso pelos diferentes campos, levantavam-se os ânimos, não havia preocupações, éramos só os jovens e uma bola, todos a remar para o mesmo lado e a fazê-lo em equipa. Os desportos foram muito importantes na criação de espírito de companheirismo e equipa. O mesmo se aplica aos momentos de convívio, jantares e saídas à noite. Estes todos permitiram a junção de várias peças deste grande puzzle que a comunidade de antigos alunos jesuítas tem. É sempre bom e relaxante ir beber um copo com pessoas dispostas a conversar, passar um bom bocado e que, após alguma discussão, reconhecem que o Cristiano Ronaldo é o melhor jogador de futebol do mundo. As visitas ao bairro Gótico e à Sagrada Família foram muito exaustivas, mas permitiram, mais uma vez, conversas importantes, profundas, engraçadas, cativantes, etc.

A questão que se mantém é a seguinte: O que levamos daqui?

Levamos as conversas, levamos as idas às cañas, levamos novas amizades, levamos muitos contactos, levamos a motivação, entusiasmo e vontade de fazer sempre melhor, dar sempre o nosso MAGIS (o jogo de palavras foi intencional, em 2023, Lisboa vai organizar o MAGIS23).

Levamos também ambição e coragem de fazer algo melhor tanto pela nossa associação, como pela Confederação Europeia dos Antigos Alunos dos Jesuítas (ECJA) e pela WUJA, levamos uma vontade grande de, em grupo com os nossos amigos e futuros longos companheiros desta jornada, descobrir e realizar as ideias que muitos membros das camadas mais experientes, nos desafiaram a encontrar, pois somos o futuro desta grande união mundial que se rege toda pelos mesmos princípios…os princípios inacianos. Levamos a curiosidade e, por fim, levamos connosco expectativas altíssimas para o próximo congresso, a ser realizado na Indonésia em 2025.

Francisco Seabra, Diogo Sousa e Margarida Farelo

(Direção Youth Alumni CSJB)